Acordei cedo, logo já fui apalpada e largada no sofá sozinha pra assistir jornal com o pai. Saímos e fui socada no ônibus lotado cheio de água da chuva no chão, fui chutada e espremida até dizer chega.
Alguns me empurraram outros deram um pisão em algumas partes do meu corpo, além disso, fiquei molhada e caída no chão.
No metrô fui espremida novamente só que com muito mais força, meu corpo ficou esmagado em meio à multidão de pés sujos e fedidos, além de mal educados. Ninguém nem viu quando cai e lá fiquei esparramada sendo pisada constantemente até chegar a minha estação de destino.
Mesmo com o metrô mais vazio fiquei do mesmo jeito: jogada! A situação melhorou, mas nada pra dizer: “Nossa como me sinto bem!”. Na sala de aula continuei no chão, como se não houvesse uma misera carteira pra ficar.
Dizem que eu sou preciosa, mas ninguém me dá a menor atenção. Ela me deixa em qualquer lugar, me usa, me chuta e quando dá na telha me joga, deixa na cama e ainda coloca seus pés suados em cima de mim.
Tudo bem, já me acostumei a tudo o que ela diariamente me faz. É assim mesmo vida de mochila, um dia a gente carrega, no outro é carregada e às vezes temos esses empecilhos cotidianos.
O que me consola é saber que ao meu lado sempre tem uma companheira de lutas, que todas as manhãs pega ônibus e metrô cheio e às vezes agüenta até chulé do dono (ou coisa pior) dentro dela e eu continuo aqui firme e forte como uma boa e velha mochila.
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